O tempo passa muito rápido. Parece que foi ontem que recebi o convite para fazer parte da Faculdade Batista Pioneira, na época Seminário Teológico Batista de Ijuí (STBI), mas já se passaram mais de quinze anos. Cheguei pensando em atuar por um curto período, mas continuo ligado à faculdade até hoje, agora como professor. Em tudo o que fizemos em conjunto neste período, ainda que reconheça o esforço de muitos que estiveram e estão à frente do trabalho, só posso atribuir o sucesso à intervenção divina. Pois, desde o início, a mão de Deus se fez notar nas decisões que tomamos, como equipe que envolvia a faculdade, a JEM, a Convenção Batista Pioneira e a EBM – MASA.
Fui procurado para fazer parte do STBI no final de 2001 e iniciei o trabalho em janeiro de 2002. Eu, que sempre morei em Curitiba, na época havia recebido convite para ser diretor do Seminário Teológico Batista do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Depois de muita luta em oração, por aproximadamente um mês, buscando a certeza da vontade de Deus para o meu ministério, resolvi, juntamente com minha esposa e filhos, que não aceitaríamos o convite de Porto Alegre. A tomada de decisão nos trouxe paz de espírito por apenas algumas horas, pois naquele mesmo dia recebi uma ligação do então Diretor Executivo da Convenção Batista Pioneira, Pr. Carlos G. Waldow, pedindo para conversar comigo a respeito da possibilidade de assumir como diretor em Ijuí. Assim, uma nova luta começava.
Como eu relutava em mudar para Ijuí, em conversas com o Pr. Carlos Waldow e com o Dr. Nicolau Reinhard, dois líderes exemplares com quem Deus me deu o privilégio de trabalhar lado a lado, surgiu a ideia de minha atuação como Coordenador Acadêmico à distância, sendo auxiliado pelo jovem Pr. Claiton André Kunz, que já demonstrava grande potencial como professor e administrador naquela época. A parceria foi excelente. O trabalho fluiu muito bem e as dificuldades foram sendo sanadas.
Com o passar do tempo acabei assumindo a função de diretor e o Pr. Claiton a de vice-diretor. Mesmo à distância, morando em Curitiba, e trabalhando, também, na Faculdade Batista do Paraná, desde 1990, pela graça e capacitação de Deus, conseguimos no período de atuação realizar muitas mudanças que resultaram em avanços significativos para a instituição. A distância foi superada pela presença do Pr. Claiton no dia a dia da faculdade e pelos meios de comunicação que nos proporcionavam contato direto e diário, por telefone, e-mail e skype, além das minhas frequentes idas até Ijuí, ao menos uma vez por mês.
Entre as mudanças mais marcantes que ocorreram neste período, de acordo com a minha leitura dos fatos, desejo destacar algumas, não em ordem, pois não me lembro de forma exata a sequência. Uma delas foi a mudança de nome de STBI (Seminário Teológico Batista de Ijuí), que muito bem e corretamente apontava para uma identificação com a cidade onde está situada a instituição, mas que, de certa forma, deixava de mostrar que pertencia à Convenção, ou seja, a todas as igrejas que fazem parte da Convenção Batista Pioneira. O novo nome, Faculdade Batista Pioneira, descreve bem o que ela é, uma instituição que pertence a todos os batistas desta convenção. Além disso, o nome sem o destaque para o termo teologia, já aponta para a possibilidade ou sonho de incluir no futuro outros cursos além do Curso de Teologia. Como exemplo do sentimento de pertença eu gosto de citar a resposta recebida de vários candidatos durante as entrevistas de seleção para ingresso na faculdade. Não era raro ao perguntar ao candidato a razão pela qual ele vinha de tão longe para estudar na Faculdade Batista Pioneira receber a seguinte resposta: Porque é o nosso Seminário. Sim, não era o Seminário da cidade de Ijuí, mas o nosso Seminário, o da Convenção Batista Pioneira.
Outra mudança fundamental foi a concentração das aulas apenas no período noturno. É claro que ter aulas de tempo integral, manhã, tarde e noite, tem um resultado melhor para aqueles que podem participar delas, mas no contexto brasileiro, onde estudantes de teologia, normalmente, precisam trabalhar para se manter, este modelo, que havia sido excelente em períodos anteriores, agora se mostrava inviável. As aulas noturnas abriram possibilidades de trabalho para alguns e também permitiram que moradores de cidades próximas pudessem estudar.
Ainda como mudança positiva, creio que pode ser destacada a ênfase que foi dada na preparação adequada do Corpo Docente, incentivando e ajudando professores formados na casa, ou conhecedores e atuantes na Convenção Batista Pioneira, a se prepararem melhor, buscando Cursos de Mestrado e Doutorado reconhecidos pelo Ministério da Educação.
Isto foi fundamental para levantar a autoestima dos estudantes e o nível geral do ensino, o qual tem sido reconhecido e respeitado atualmente em nível de Brasil. Nos primeiros anos de nossa atuação, professores da Faculdade Batista do Paraná, mestres e doutores, atuaram em Ijuí, com aulas em blocos, mas com o passar do tempo foram sendo substituídos pelos de casa que foram sendo qualificados. Este convênio com Curitiba foi muito positivo.
Eu não poderia deixar de mencionar também a grande mudança que houve com o reconhecimento da Faculdade Batista Pioneira como instituição de ensino superior pelo Ministério da Educação. Em meio a muita desconfiança na época, quando várias instituições evangélicas no Brasil estavam pendendo para o Liberalismo Teológico, a Faculdade Batista Pioneira partiu para o reconhecimento com o firme propósito de oferecer um curso reconhecido como superior, sim, prezando pela qualidade acadêmica, mas, ao mesmo tempo, que se destacasse pela sua seriedade e firmeza bíblica, tratando a Bíblia como cremos que deve ser tratada pelos cristãos, como Palavra de Deus.
É claro que os primeiros planos a este respeito pareceram para alguns como se fosse um desvario, uma utopia, algo fora da realidade. Mas com a bênção de Deus, muito esforço de toda a equipe de professores, estudantes e funcionário, e a união de todas as partes envolvidas (Faculdade, JEM, Convenção e EBM-MASA), o sonho se tornou realidade. Com isso, uma nova fase da história começou a ser escrita, a qual espero, de todo meu coração, que seja de muito maior glória ainda do que já conseguimos no passado.
Ao encerrar este breve testemunho desejo, ainda, deixar o meu abraço e o meu muito obrigado a todos os diretores que me antecederam na honrosa tarefa de estar à frente desta instituição. Trabalhei em continuação ao que eles fizeram por amor à obra de Deus, nas mais diversas ocasiões e situações. Não conheci a maioria deles, mas sei que, assim como eu, todos deixaram um pouco de suas vidas neste ministério. Meu eterno reconhecimento ao trabalho de meu grande amigo Martin Landenberger, companheiro
de seminário que primeiro me apresentou à Convenção Batista Pioneira e a esta instituição de ensino, a qual também dirigiu com amor e dedicação. Meus votos de muito sucesso ao meu sucessor, Dr. Claiton André Kunz, que foi meu auxiliar direto durante todo o meu período de atuação como Coordenador e Diretor, a quem foi passado o “comando” com muita alegria, no mesmo culto que marcou a minha despedida do cargo no segundo semestre de 2013.
Acima de tudo e de todos, sou grato a Deus, por tudo o que foi realizado neste período na Faculdade Batista Pioneira e por meio dela. Ele me deu como um presente o privilégio de estar à frente deste importantíssimo ministério em uma época muito especial, onde mudanças radicais eram necessárias, e elas foram feitas pela sua graça. Analisando as situações poderíamos dizer, sem medo de errar, mesmo com todo o esforço dos participantes, pessoas dedicadas e leais ao Senhor, as mudanças foram feitas pelo próprio Deus. Só por Deus, o que foi feito foi feito. A honra e a glória, realmente, pertencem a Ele.
Pr. Antônio Renato Gusso
FONTE: Livro “Faculdade Batista Pioneira – 50 anos de história”
Foi um trabalho de excelência pr. Gusso que forrou o caminho para estarem onde estão agora. Quando a obra acadêmica segue o caminho bíblico dá frutos. A Pioneira acertou. Infelizmente a Paranaense segue a trilha da política… Prenúncio de ladeira abaixo.